22/09/2017

Vale a pena assistir? RAW! - João F.



Fala, meu povo! Recentemente chegou à Netflix um filme que deu muito o que falar nos festivais especializados onde foi exibido, em 2016. Estou falando de Raw, uma coprodução entre França e Bélgica que aborda um assunto que pode parecer batido no cinema de horror – o canibalismo – mas de uma forma completamente diferente do que você imagina. Confiram!



Raw chegou aos Estados Unidos em março deste ano, tendo seu título alterado para “Grave”. Ele não foi lançado nos cinemas brasileiros, mas está disponível no catálogo da Netfilx há pouco tempo, e foi como tive acesso a essa pérola. Vocês devem ter ouvido falar quase sempre do suposto marketing que acompanha os lançamentos de filmes de terror, com acontecimentos bizarros que acontecem na sua exibição. No caso de “Raw”, eu acredito que não seja marketing, pois ele pode ser bastante desconfortável para os mais sensíveis.



O filme acompanha Justine, uma garota vegetariana que acaba de ingressar na faculdade de Medicina Veterinária, onde também estuda sua irmã mais velha Alexa. Ao chegar no local, se depara com a semana dos trotes, com os veteranos tocando o terror com os calouros. Em uma “brincadeira” dessas, Justine é obrigada por Alexa a ingerir rim cru de coelho. A partir daí, ela passa a ter sensações estranhas, como coceiras extremamente incômodas em sua pele e um desejo assustador por carne, – humana ou não -  e seus colegas passam a ser o principal aperitivo. Justine também passa a ter Alexa como mentora passando por um “tratamento” para curar esse mal.



Quem está acostumado com filmes de terror produzidos nos EUA pode ter estranhado um pouco essa história. Acontece que Raw não segue esse padrão, tendo uma trama extremamente lenta focando no desenvolvimento dos personagens para então partir para o horror. Até atingir a esse ponto, o filme é narrado como um drama, mesmo sem apelar para o melodrama. Acontece que este filme, apesar de não ser tão violento como o que a geração acostumada com filmes na mesma pegada de Jogos Mortais, Raw deixa sua marca com cenas que provocam estranheza e no pior dos casos, incômodos.



Eu disse que esse era um filme sobre canibalismo, mas ele não segue a linha de Holocausto Canibal, talvez o mais famoso filme sobre esse assunto. Aqui, esse assunto é desenvolvido através de simbolismos, ligados ao dilema da juventude, como a transição de menina para mulher, com mudanças significativas em seu corpo, fortalecendo a seguinte reflexão: Uma garota virgem sendo colocada em uma selva, onde prevalece a carnificina e a luta pela sobrevivência. Dessa forma, o filme representa através do absurdo um retrato sombrio da juventude atual, fantasiando também a forma como o indivíduo encara as novas mudanças ao seu redor. Talvez seja por isso que esse filme não tenha agradado os mais jovens, que preferem ver o sangue espirrar na câmera e a história sendo desenvolvida rapidamente. Porém, como um admirador de “filmes de doido” (como diz minha mãe) e sendo cinéfilo por paixão, arrisco dizer que este pode ser um dos melhores da década.



   Se o filme é tão impressionante assim, isso se deve ao mérito do elenco e da equipe técnica. As duas atrizes principais, Garance Marillier (Justine) e Ella Rumpf (Alexa) se mostram bastante competentes ao entregarem personagens que possuem um misto de cumplicidade e rivalidade, garantindo ótimas – e estranhas – cenas. “Raw” é dirigido por Julia Ducournau, que prova ser muito sábia ao conduzir uma história marcada por simbolismos, apesar de este ser o seu primeiro trabalho nos cinemas como diretora.



Querendo ou não, ainda que você não tenha gostado do filme, deve admitir que esta é uma história inovadora e imprevisível, e eu adoro quando isso acontece.  Porém, fica aqui um alerta: Não assistam ao filme de estômago cheio ou se estiverem doentes, pois isso pode gerar uma grande dor de cabeça. Vale ressaltar também que o filme é inadequado para menores de 16 anos, por conta de seu conteúdo muito pesado, com algumas cenas que realmente causam nojo ou provocam a claustrofobia.

No fim, esse filme mostra um equilíbrio entre o estranho e o belo, com uma trama que chama a atenção, sendo inovadora e dando vontade de conhecer outras produções estrangeiras. Aliás, se você está de saco cheio com os torture porns norte-americanos (Ex: O Albergue, Doce Vingança e cia), sugiro que dê uma chance para “Raw”, um filme que pode ser o passaporte para que o espectador consiga pensar fora da caixa. De qualquer forma, vale muito a pena assistir ao filme, nem que seja por curiosidade, pois garanto que será uma experiência inesquecível – boa ou não. 


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Imagens: RAW (orig. GRAVE). 2016

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